Cerca de 200 pessoas – entre profissionais de segurança pública, lideranças sindicais, jornalistas e estudantes – estiveram presentes na abertura do 1º Congresso de Jornalismo e Segurança Pública, realizado na última terça-feira (21/11), no Museu Nacional Honestino Guimarães, em Brasília (DF). A Diretoria do SSDPFRJ esteve presente ao evento, representada pelo Presidente Luiz Carlos Cavalcante, Secretário Geral Gladston da Silva e o Diretor financeiro Fábio Teles. O Jornalista Leonardo Neves assessor de imprensa do SSDPFRJ também esteve presente ao evento.
Após a solenidade de abertura, o evento recebeu o presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, professor da FGV e pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência (NEV), Renato Sérgio de Lima, que lamentou os dados alarmantes da Segurança Pública brasileira, criticou os modelos adotados no país e reforçou a importância de discutir o assunto.
“Nesse clima de ‘salve-se quem puder’, o diálogo com a população brasileira é necessário e o papel da imprensa, das polícias, dos órgãos do judiciário e do Ministério Público se torna fundamental para mostrar o tamanho do desafio que temos que enfrentar”, explicou.
De acordo com 11º Anuário de Segurança Pública, realizado pelo FBSP, o Brasil registrou 61.619 mortes no ano passado, o equivalente, em número, às mortes ocorridas em decorrência da explosão da bomba atômica em Nagasaki.
“O brasileiro não se sente seguro. A violência se espalhou para todos os estados e se tornou um drama que afeta todos nós no país inteiro. O que faz desta discussão ainda mais relevante”.
O advogado criminalista, mestre em Direito Processual Penal e policial federal aposentado, Roberto Antônio Darós, finalizou o primeiro dia de palestras alertando a população sobre a necessidade de adotar metodologias mais eficientes e abandonar ferramentas que burocratizam a investigação.
“É chegada a hora de implantar um novo procedimento de investigação criminal, que seja moderno, célere e que efetivamente diminua as taxas de letalidade. Para então, acabar com essa guerra entre corporações policiais e criminosos”, apontou.
Darós concluiu a apresentação parabenizando a Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) e o Sindicato dos Policiais Federais do Distrito Federal (Sindipol/DF), por dar prosseguimento a uma discussão “atrasada” sobre o atual modelo de segurança pública com a sociedade brasileira.
PALESTRANTES CRITICAM MODELO DE SEGURANÇA PÚBLICA E NEGLIGÊNCIA DO GOVERNO
O segundo dia do 1º Congresso de Jornalismo e Segurança Pública, realizado pela Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) e pelo Sindicato dos Policiais Federais do Distrito Federal (Sindipol/DF), ficou marcado pelas críticas ao atual modelo da polícia brasileira e à negligência do poder público com o setor.
O tenente-coronel da Polícia Militar de São Paulo, mestre em Ciências Policiais de Segurança e comentarista da Rede Globo, Diógenes Lucca, atribui parte do problema à burocracia associada ao inquérito policial.
“Não precisamos de grandes manobras políticas para melhorar a segurança pública. Ao adotar o Ciclo Completo de Polícia, diante de uma circunstância de menor potencial, por exemplo, o policial que faz a atividade preventiva e já conhece a região, poderia finalizar a investigação com mais precisão, dando uma resposta mais rápida aos cidadãos”, justificou.
Lucca também aproveitou sua fala para reforçar a necessidade de cobrar respostas do poder público. “Só resolveremos o problema, quando o Governo tratar a Segurança Pública como objetivo de Estado permanente. Enquanto isso não for feito, nada mudará”.
Segundo Diógenes Lucca, sua experiência na TV foi importante para que pudesse compreender o porquê de tantas notícias equivocadas sobre a atividade policial serem publicadas diariamente.
“Infelizmente, o que chega para a mídia são apenas dados alarmantes e histórias ruins. O motivo pelo qual o policial não conseguiu desempenhar o seu trabalho, na maioria das vezes, é omitido antes mesmo de chegar à redação. Então é compreensível que as pessoas se revoltem, e eventos como estes se fazem ainda mais necessários para mostrar a verdadeira história de quem se arrisca todos os dias para proteger a população, sem o auxílio necessário do Governo”, lamentou o tenente-coronel.
Crime organizado nas fronteiras
O policial federal e palestrante, Rodimilson Uchoa, deu continuidade à programação pela manhã e fez um alerta sobre o abandono das fronteiras brasileiras e a falta de investimento do Governo em uma área que deveria ser prioritária no combate ao crime organizado.
“O trabalho dos policiais federais na fronteira e dos demais servidores acaba se perdendo pela falta de investimentos, seja no suporte aos policiais ou em planos de inclusão social”.
De acordo com Uchoa, o Governo precisa pensar em políticas que considerem as dificuldades econômicas e sociais vividas pelos os países vizinhos, o que fomenta a criminalidade, além de melhores condições para os profissionais de segurança pública que atuam nesses locais, sem qualquer aporte de suas instituições.
“Este congresso é importante sobretudo para subsidiar a imprensa sobre o trabalho policial realizado nas fronteiras e suas dificuldades. Nós, policiais, queremos trabalhar, porém enquanto o sistema não funcionar, vamos continuar enxugando gelo”, finalizou o policial.
Agência Fenapef