O Agente Especial da Polícia Federal (APF) e Vereador eleito do Município de Niterói(RJ), Sandro Araujo, sempre esteve diante de duas forças: A primeira é ser um Agente de Policia Federal, função que exerce há mais de 20 anos. A segunda é a busca por uma inserção social de jovens através do projeto social, “Geração Careta”, que Sandro Araujo idealizou juntamente com o Diretor de Comunicação do SSDPFRJ, Alexandre Guerra. Ambas as forças exigem uma compreensão ampla da realidade que nos cerca, pois ora o professor de Física, Sandro Araujo, lida com as forças invisíveis que atuam na falta de políticas públicas voltadas para a educação, que estão atreladas a segurança pública, ora o APF tem a árdua função policial de combater aqueles que atuam contra a Lei. Diante de um desequilíbrio de forças, que acaba levando o pêndulo da criminalidade a exercer um peso maior na sociedade, é que o APF Sandro Araujo resolve utilizar a equação básica para a resolução de problemas sociais: candidatar-se a Vereador em seu município, Niterói.
O equilíbrio dessa equação teve inicio no projeto “Café com Política” institucionalizado pela “Diretoria Novo Tempo” que, no período eleitoral, apoiou a pré-candidatura dos vereadores associados ao SSDPFRJ, que pertencem ao diversos municípios do Rio de Janeiro. O APF Sandro Araujo esteve presente ao projeto e, naquele momento, iniciava seu caminho para a eleição vitoriosa. O Vereador Sandro Araujo foi eleito com 2443 votos, em Niterói, ficando em 17º lugar na cidade que tem 487.562 habitantes, com 129,4 km² quadra-dos e possui um alto índice de violência. Para saber mais sobre sua trajetória e projetos, a Revista SSDPFRJ entrevistou o APF, Vereador, prof. Sandro Araujo sobre as três faces desse Agente de Polícia Federal, que passa a vida tentando equacionar as forças necessárias para contribuir com uma sociedade melhor.
- Conte-me algo que não sei sobre você e o Departamento de Polícia Federal?
Para mim é mais que uma profissão. Nunca considerei emprego. Quase um sacerdócio. Ser policial federal é uma forma de viver.
- Gostaria de saber, na usa opinião, qual deveria ser o verdadeiro papel da polícia? O de prender, de prever, de vigiar, de punir, de investigar, ou de servir de referência como agente da lei ?
Acho que a Polícia tem como missão preponderante proteger a sociedade e atuar para garantir o cumprimento da lei. Entretanto, é duro perceber que, muitas vezes, somos usados como mero instrumento de marketing governamental. Acredito muito que devemos evoluir em nosso método investigativo, tornando-o mais célere, de forma que saia do século XIX, onde se encontra. Porque, não adianta ter policiais preparados e tecnologias se têm uma peça como o Inquérito Policial, que vai na contramão de tudo o que o mundo moderno espera de nós, em termos de agilidade de resposta.
- Como foi o início da sua carreira na PF e como a sua experiência como APF pode te ajudar na carreira pública?
Vim direto para a SR/RJ em 1996. Tive a sorte de trabalhar com alguns dos mais legendários policiais da história. Verdadeiros ídolos para mim, até hoje. Minha primeira lotação foi a DELEPREV. Acho que o fato de quase sempre ter sido de Operações e ter feito bons cursos na área fez com que aumentasse o meu grau de objetividade no planejamento e execução de projetos. Quando fui coordenador do NUMIG de Niterói, entre 2007 e 2010, isso ficou bem claro.
- Como surgiu essa ideia de se candidatar a vereador? Foi a primeira vez?
Para falar a verdade eu nunca havia pensado nisso. Foi uma decisão do grupo ao qual pertenço. Policiais amigos e membros do Projeto “Geração Careta”, que coordeno, pediram-me reiteradas vezes que eu me candidatasse. Aceitei em nome de um projeto maior para nós policiais federais e por conta do alcance do projeto social.
- Você mencionou o “Geração Careta”, sabemos que têm um trabalho forte na área social, em Niterói, explica como surgiu o projeto e qual é o foco de atuação?
O “Geração Careta” surgiu dentro da delegacia de Niterói em 2003. Quando o chefe na época criou o Grupamento de Pronto Emprego, eu coloquei na Instrução de Serviço um item que era “ministrar palestras de prevenção ao abuso de drogas em escolas”. O delegado Aldeir Bório só se deu conta depois e aí nós já estávamos dando palestras. Sou professor do ensino médio de origem e acreditei que a prevenção seria a melhor forma de combater o abuso de drogas.
A partir dali, crescemos, ganhamos atividades desportivas, pré-vestibular comunitário, já atendemos mais de cinco mil alunos e temos 480 jovens participando do projeto, hoje.
- Para você qual é o papel do vereador?
Fiscalizar o executivo e propor projetos de lei que sejam verdadeiramente interessantes para a cidade. Mas no meu caso, a legitimidade do voto fará com que eu possa atingir todas as áreas da cidade, para levar a iniciativa social que coordeno.
- Quais são os principais problemas de Niterói, hoje, e qual a sua bandeira de atuação?
Niterói, assim como toda cidade de bom índice de desenvolvimento humano, sofre com o aumento da violência. Segurança Pública se tornou minha grande bandeira, apesar das limitações que o município tem para lidar com o tema. Apostamos na capacidade de articulação com as forças policiais presentes na cidade, para que ocorra uma atuação coordenada e inteligente para reduzir os índices que hoje são alarmantes.
- Como abordou, Niterói tem um índice de criminalidade grande. Qual é a sua proposta para a cidade?
A análise deve ser feita ponto a ponto. Fizemos um balão de ensaio numa das ruas mais assaltadas da cidade. Analisamos as características dos crimes, a topografia da rua, horários. Depois nos reunimos com os dirigentes da Polícia Civil, da Polícia Militar e da Guarda Municipal, além de outros atores do poder público municipal. Traçamos um plano para a rua que envolveu iluminação de calçada, poda de árvores, instalação de câmeras de monitoramento, diminuição do tempo do sinal de trânsito, mudança no posicionamento tático das viaturas de patrulha e mais uma série de outras medidas. Vamos usar essa mesma metodologia para fazer esse levantamento em cada rua da cidade.
- Existe um apoio dos próprios policiais federais em te lançar como Deputado Federal, acha que está sedo para se falar nisso?
Surpreendi-me no início. Mas o que seria da vida de nós, policiais federais, se não estivéssemos aptos a aceitar as Cruzadas mais difíceis? Estou às ordens dos colegas.
- Para fecharmos, que mensagem você tem a deixar para a categoria Policial Federal?
De tudo o que vivi nesta Polícia, o maior tesouro que adquiri foram às amizades mais sinceras e fortes que fiz nesta vida. Tive a oportunidade de conviver com ícones que jamais esquecerei. Agradeço a Deus por ter conhecido essas pessoas.