Necessidade de modernização da PF é estrutural e não passa somente pela compra de novos uniformes, dizem especialistas policiais

2 de junho de 2021

Na última quinta-feira (27/05), a Polícia Federal divulgou em sua conta oficial do twitter (@policiafederal) a aquisição de uniformes de alto padrão de qualidade para todo o efetivo. A informação gerou certo incômodo em policiais, porque foi anunciada como parte da modernização do órgão. A verdadeira modernização necessária para a instituição e defendida pelas últimas gestões do SSDPFRJ é a reestruturação da corporação, com a implementação da carreira única, o ciclo completo e a descentralização do modelo de investigação. Estas mudanças resultariam em um trabalho mais eficaz para a população.

Para abordar esses temas, o SSDPFRJ falou com dois policiais especialistas em segurança pública: um que vive o dia a dia da delegacia e outro aposentado, mas professor universitário e participante ativo nas discussões sobre política e segurança.

O APF aposentado, professor e pesquisador Roberto Darós diz que abordar compra de insumos como modernização é cortina de fumaça. Para ele, a estrutura da corporação é equivocada e precisa mudar para que os índices de criminalidade sejam reduzidos.

“Quando a direção-geral da Polícia Federal divulga a compra de uniformes como modernização, ela usa de um sofisma, um argumento falacioso para ocultar a verdadeira necessidade de modernização, que é a reestruturação em carreira única. A administração da PF hoje funciona como a da Polícia Civil, com delegados na gestão, sendo que a PF foi pensada para ser administrada pelos cinco cargos. A aquisição de equipamentos, tecnologia ou insumos são um complemento necessário, mas a instituição precisa ser modernizada em sua forma de atuação”, sentencia.

O EPF Roberto Uchôa, que também é pesquisador e possui Mestrado em sociologia, abordou a necessidade de uma reforma organizacional, para que se atinja toda a potencialidade existente na instituição. Ele destacou que entre os cinco cargos da carreira da PF, Agentes, Escrivães e Papiloscopistas, raramente chegam a presidir uma investigação ou a cargos de chefia.

“Enquanto para os gestores da Polícia Federal a modernização significa aquisição de uniformes, viaturas e armamento, os policiais seguem trabalhando em estrutura organizacional arcaica, sem a existência de carreira com entrada pela base, sem critérios meritocráticos para assunção de chefias e com a subutilização do capital humano existente”, afirmou.

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