Em matéria do G1, José Eduardo Cardozo tentou colocar a população contra a categoria. Leia aqui
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou nesta quarta-feira (16) não “crer” que os policiais possam entrar em greve durante a Copa do Mundo, entre junho e julho. Na avaliação do ministro, possíveis reivindicações da categoria não farão com que os policiais tenham comportamento que “ofendam a dignidade” da população.
“Eu não creio que os policiais federais queriam se colocar contra o país que juram defender. Não é possível que policais que juram obediência à Constituição e fidelidade à pátria queiram inviabilizar o nome do seu país no mundo. Por maior que sejam as reivindicações, eu acredito que os policiais federais não terão comportamento que ofendam a dignidade do povo brasileiro”, disse.
Desde o mês passado, agentes, escrivães e papiloscopistas da PF têm promovido paralisações em vários estados reivindicando reestruturação da carreira, reajustes salariais e contratação de novos servidores. Eles também reclamam de indicação por “critérios políticos” de servidores sem experiência operacional para trabalhar no planejamento e coordenação da Copa 2014.
A Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) quer a substituição desses profissionais por outros mais experientes na carreira.
Ao G1, o presidente da Fenapef, Jones Leal, afirmou que as chances de ocorrer a paralisação da categoria “são grandes” durante a Copa. Segundo ele, haverá paralisação na próxima quarta-feira (23) e serão realizadas assembleias estaduais que deverão decidir sobre o período da greve.
“Há possibilidade de greve, sim. A possibilidade é de fazermos um movimento que comece antes da Copa e entre no período da Copa. (…) A possibilidade existe, sim, é verdade e ela não é pequena, as chances de haver greve são grandes durante a Copa do Mundo”, disse Leal.
Nesta quarta-feira, durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o chamado “conselhão”, no Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff prometeu “segurança pesada” durante a Copa e afirmou que não permitirá que o evento mundial seja “contaminado” por eventuais episódios de violência.
“Não há a menor hipótese de o governo compactuar com qualquer tipo de violência. Não deixaremos em hipótese alguma a Copa ser contaminada”, declarou.
Aos jornalistas, Cardozo afirmou ainda que a Copa do Mundo é um “momento especial” e que pessoas que quiserem inviabilizar o evento estarão “indo contra o país”.
“A Copa do Mundo é um momento especial, a pessoa que quiser inviabilizar a Copa estará indo contra o país e é uma pessoa que não está honrando a função pública que exerce. Recentemente, uma decisão do STF deixou claro que a Constituição proíbe a greve de policiais. No entendimento do STF, os dias devem ser descontados, por exemplo”, completou.
Greve de policiais na Bahia
José Eduardo Cardozo afirmou que a greve de policiais militares na Bahia, iniciada nesta terça-feira (15) à noite, é “inconstitucional”. O Tribunal de Justiça do estado declarou a ilegalidade da paralisação. A greve alterou a rotina de algumas cidades, como Feira de Santana, Vitória da Conquista e Juazeiro, onde ruas ficaram desertas, ônibus foram recolhidos, aulas tiveram de ser suspensas e supermercados e bancos sofreram saques e arrombamentos.
“O Tribunal da Bahia afirmou que a greve é ilegal e é claramente inconstitucional. O governo federal, atendendo a um pedido do governador Jaques Wagner e a uma ordem da presidente Dilma Rousseff, determinou aquilo que na Constituição está assegurado, que é a atuação das Forças Armadas para garantir a lei e a ordem”, disse Cardozo.
Segundo ele, tropas das Forças Armadas e da Força Nacional de Segurança estão no estado ou em deslocamento para atuar nos municípios. O ministro não detalhou o efetivo que atuará na Bahia. A Força Nacional é composta por policiais militares, civis, bombeiros e peritos e atua nos estados quando solicitada pelo respectivo governador, que determina o tempo necessário para a permanência das tropas.
“As reivindicações podem ser legítimas, podem ser justas. Agora, quando elas se colocam contra a sociedade, contra o interesse público, trazendo insegurança e um clima social perverso, não podem ser tidas como legítimas. (…) O Estado brasileiro não aceita que situações desse tipo se coloquem. A sociedade não pode aceitar que pessoas remuneradas pelos cofres públicos ajam dessa maneira”, completou Cardozo.