Em protesto, servidores denunciam tentativas de cercear o trabalho da Polícia Federal

28 de agosto de 2017

Os servidores da área de Segurança Pública estão descontentes com as medidas de contingenciamento propostas pelo presidente Michel Temer, que incluem congelamento de salários, aumento da alíquota previdenciária e a redução de verbas destinadas a instituições policiais. Em protesto realizado última sexta-feira, cerca de 150 policiais denunciavam, com faixas e discursos em carro de som, a redução das despesas como tentativa de cercear a atuação da Polícia Federal (PF) em investigações sobre corrupção cometida por políticos e governantes. No dia 15 de agosto, o governo anunciou revisão na meta fiscal para 2017 e 2018, prevendo um rombo maior no déficit do que o esperado. Por isso, determinou congelamento de 12 meses no reajuste dos servidores do Executivo federal. Também define teto salarial de R$ 33,7 mil para o funcionalismo, extinção de 60 mil cargos vagos, aumento de 11% para até 14% na contribuição previdenciária dos servidores, fim do auxílio-moradia em quatro anos, redução do auxílio-transferência, diminuição dos salários iniciais de todas as categorias de serviço público e alteração de diversos tributos. Caso as propostas sejam aprovadas pelo Congresso e pelo Senado, os policiais federais não receberão o reajuste previsto, terão sua contribuição previdenciária ampliada e extintos cargos atualmente vagos. Segundo o presidente do Sindicato dos Policias Federais do Rio Grande do Sul (Sinpef-RS), Ubiratan Sanderson, 50% das vagas da PF estão ociosas. “Nos desdobramos para fazer o trabalho que fazemos. Esses ataques têm relação direta com a atuação da PF. A única pedra no sapato dos governos e dos políticos corruptos são os policiais federais”, destaca. Sanderson considera as medidas como um complô para reduzir a atuação da Operação Lava Jato. “Não vamos parar. Trabalhamos em nosso nome e em nome da população brasileira, e assim continuaremos fazendo. Queremos que a sociedade venha conosco dar um basta a essa estratégia calculista contra quem está combatendo a corrupção”, destaca. O policial recorda a conversa gravada entre o então ministro do Planejamento do governo Temer, Romero Jucá, com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, sugerindo a criação de um pacto para “estancar a sangria da Lava Jato”. Em nota assinada em conjunto por policiais da PF, da Polícia Rodoviária Federal (PRF), da Polícia Civil (PC), da Receita Federal (RF), agentes penitenciários e peritos do Instituto-Geral de Perícias (IGP) e divulgada no dia 18 de agosto, os servidores defendem que não pode recair sobre esses profissionais “a responsabilidade dos prejuízos decorrentes da farra com o dinheiro público e do mau gerenciamento de verbas”. Enfatizam que R$ 143 bilhões são jogados no lixo por fraudes na Previdência e que R$ 543 bilhões estão prestes a serem perdoados a devedores do fisco por meio do novo Programa Especial de Regularização Tributária, conhecido como Refis. O presidente do Sindicato dos Inspetores, Escrivães e Investigadores de Polícia (Ugeirm), Isaac Ortiz, ressalta o que chama de “desmonte do serviço público e da segurança pública no Rio Grande do Sul e no Brasil”. Para ele, tanto Temer como o governador do Estado, José Ivo Sartori, estão dilapidando o patrimônio público e, com isso, aumentando a insegurança. “Roubam este País, cortam verbas e não investem na segurança pública.”

Fonte: Jornal do Comércio 

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