O Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência foi celebrado nesta segunda-feira (21/09). Aproveitando a ocasião, o presidente do SSDPFRJ, Gladiston Silva, recebeu ontem (23/09), no projeto café com política, o sindicalizado e APF, aposentado, Geraldo Nogueira, 62 anos, na sede do Sindicato, para falar da sua militância pelos direitos das pessoas com deficiência. Participaram do encontro os APFs Fabio Domingos, ex-presidente do SSDPFRJ, atual Secretário de prevenção as drogas de Niterói e Robson André, integrante do Conselho Fiscal do SSDPFRJ e atual Secretário de Segurança em Caxias, e, o Presidente da Ansef/Rio e secretário-geral do SSDPFRJ, Iranilmo Lopes.
Em 1990, Geraldo Nogueira, que já foi vice-presidente do SSDPFRJ (2000/2003), sofreu um acidente de carro que lhe causou uma paraplegia. Após o encontro, Nogueira, que é pré-candidato a vereador no Rio, e é considerado um ícone na luta na pelos direitos da pessoa com deficiência, tendo fundado e presidido a comissão da OAB sobre o tema, e participado diretamente da elaboração de diversas leis, falou um pouco mais da sua história:
– Você era policial na época do acidente. Como se deu o retorno ao trabalho?
Eu estava com 32 anos, super bem, corria todos os dias 5 km. Tinha a força da arma, andava com pistola, revólver na perna e ainda tinha um escudo na carteira. A polícia pra mim simbolizava as forças físicas. De repente, numa esquina, isso mudou. Como cadeirante, fiquei na ativa por quatro meses, cedido na Interpol. Fazia um trabalho interno. Consegui implementar rampas de acessibilidade e vagas na garagem para deficientes na SR/RJ. Mas, naquela época, não tinha lei de cotas. Me aposentei.
– Como você recebeu o diagnóstico da paraplegia em um primeiro momento?
Na época do acidente, eu estava no primeiro ano da graduação em Direito, fiz as provas dentro do hospital. Não desisti da faculdade. Mas vivi uma primeira fase muito depressiva, de introspecção, em que questionei Deus, o motivo de ter acontecido comigo. E cheguei a ter essa visão de estar preso a uma cadeira de rodas. No entanto, fui percebendo a minha força interna. Todos nós temos. Descobri que sou uma pessoa forte, independente da deficiência e passei a exercitar isso.
– Qual a maior dificuldade que as pessoas com deficiência (PCD) enfrentam hoje?
Falta de visibilidade. Temos uma legislação muito boa e completa reconhecida pela ONU como a melhor das Américas. Já há acessibilidade, rampas. Mas há a cultura de capacitismo na sociedade brasileira que vê a incapacidade como um todo, quando ela é pontual. Essa cultura valoriza o corpo perfeito. E dentro dessa perfeição, tudo o que é disforme, que contraria esse corpo malhado da academia é visto como inferior. Há aquele olhar benevolente e paternalista como se a PCD fosse um cidadão subordinado ao não- deficiente. Lutamos por igualdade de oportunidade.