“Vaidade e machismo podem explicar expulsão de policiais”.

4 de janeiro de 2019

Para sindicato, o episódio em que quatro policiais federais foram banidas da posse de Bolsonaro passa pela vaidade e machismo de delegados da PF

A expulsão de quatro policiais federais, as únicas mulheres da equipe, de seus postos de trabalho durante a posse de Jair Bolsonaro expôs um problema interno da categoria: a disputa entre agentes e delegados, duas carreiras dentro da Polícia Federal. Em meio ao conflito, Sindicato dos Servidores do Departamento de Polícia Federal do Rio de Janeiro aponta a presença de vaidade e machismo. Segundo o presidente Gladiston Alves da Silva, “a verdade dos fatos parece passar pela vaidade e o machismo desmedidos de uma categoria que teima em mandar e desmandar na Polícia Federal, os delegados”. 

O sindicato ressalta, em nota, que não acredita que tenha sido o desejo do presidente Jair Bolsonaro ou de qualquer pessoa ligada a ele, a retirada das policiais da cerimônia de posse, como revelou com exclusividade a Coluna. 

Já para a Associação Nacional das Mulheres Policiais do Brasil, que também divulgou uma nota sobre o episódio, o tratamento dado às policiais foi “agressivo, discriminatório e desrespeitoso”. 

 
Antes da posse, no dia 29/12, o presidente Jair Bolsonaro se reuniu com a direção do Sindicato dos Servidores da Polícia Federal do Rio de Janeiro e da Federação Nacional dos Policiais Federais, ocasião em que, numa cerimônia bem simples, os dirigentes sindicais lhe entregaram uma placa, retratando a atuação dos policiais federais em sua segurança ao longo de toda a campanha eleitoral. Inclusive, a cerimônia contou com a presença de uma das policiais que viriam a sofrer o descaso durante a posse, sendo simplesmente descartadas da segurança. Pela postura do presidente, temos certeza que não partiu dele ou de qualquer pessoa diretamente ligada a ele. É preciso aprofundar esse assunto, pois ocorreu um descompasso entre o discurso e as ações do presidente e a atuação dos responsáveis pelas equipes de segurança da Polícia Federal. Tal fato já fora visto durante as eleições quando um chefe da equipe de policiais tentou se sobrepor à vontade do presidente. Essas mulheres Policiais Federais cumpriram com seu dever e suas ausências logo foram percebidas. A verdade dos fatos parece passar pela vaidade e o machismo desmedidos de uma categoria que teima em mandar e desmandar na Polícia Federal, os delegados.

Gladiston Alves da Silva, presidente do Sindicato dos Servidores do Departamento da Polícia Federal do Rio de Janeiro

Leia abaixo a íntegra da nota da Associação Nacional das Mulheres Policiais do Brasil (Ampol)

NOTA PÚBLICA DE REPÚDIO CONTRA O ATO DISCRIMINATÓRIO INSTITUCIONAL QUE VITIMOU O BRIO MORAL E PROFISSIONAL DAS MULHERES POLICIAIS FEDERAIS!

Nós, mulheres integrantes das forças policiais brasileiras, filiadas à ASSOCIAÇÃO NACIONAL
DAS MULHERES POLICIAIS DO BRASIL – AMPOL, na pessoa de nossa presidente, vimos a público
repudiar o tratamento agressivo, discriminatório e desrespeitoso dispensado às colegas policiais
federais, que desde o início da campanha eleitoral integraram a equipe de segurança do Presidente
Jair Bolsonaro, durante a cerimônia de posse, no dia 1º de janeiro.
Causa espécie e indignação o fato ocorrido com as policiais federais, que no dia da posse foram
barradas, confinadas e excluídas repentinamente de seus postos de trabalho, de forma
desrespeitosa e indigna.
As mudanças repentinas propostas pelo responsável da Polícia federal pela Coordenação de
segurança do Presidente Jair Bolsonaro, causaram transtornos e desconforto e demérito
profissional para as 04 mulheres policiais, que juntamente com cerca de 45 homens policiais
federais, foram treinadas para os trabalhos de segurança no cerimonial da posse, conseguindo
inclusive elogios pela competência e experiência demonstradas, sendo duas delas professoras de
segurança de dignitários da Academia Nacional de Polícia Federal.
Ocorre que, ao começar a movimentação do comboio presidencial para o treinamento, ainda na
saída da Granja do Torto, as policiais receberam ordens para permanecerem dentro dos carros
durante o evento da posse, que se realizaria no dia seguinte.
Estranhando tal medida repentina, as policiais se reportaram ao Coordenador, que contemporizou
a situação dizendo que elas poderiam ficar na subida da rampa do Congresso Nacional, duas de
cada lado, para recepcionarem o Presidente da República. Disciplinadamente, elas obedeceram.
No dia da posse, logo que se posicionaram na rampa, foram expulsas daquele local pelos policiais
legislativos, alegando que tal situação não fazia parte do planejamento dos trabalhos.
O Coordenador que presenciou tal abordagem ordenou, então, que as policiais se deslocassem para
a Chapelaria do Congresso, pois caso chovesse elas poderiam recepcionar o Presidente naquele
local. Mas, ao chegarem à Chapelaria elas foram obrigadas a se retirar, aos sons das fortes palavras
de ordem dos policiais legislativos, sendo tal fato assistido pelo Coordenador, que foi chamado ao
local.
As policiais, disciplinadamente, empreenderam uma nova caminhada em direção a uma das
rampas do Congresso, onde mais uma vez foram impedidas de passar pelos policiais legislativos,
sendo reclamada por esses a presença do Coordenador, momento em que foi autorizada a
passagem das mesmas para a rua lateral interna do Congresso, onde estas se posicionaram juntas
na passagem do rolls-royce, instante em que as policiais fizeram um gesto de carinho ao casal
presidencial, que foi imediatamente correspondido pelo Presidente, sinalizando o respeito, a
consideração, o reconhecimento profissional do Presidente Jair Bolsonaro pelo valoroso e
competente trabalho dessas policiais federais.
Mediante tal ocorrido, as autoridades responsáveis não poderão se calar! Providências
investigativas e apuratórias terão que ser levadas a cabo, sob pena de se institucionalizar a
discriminação, o assédio moral e o desrespeito à mulher policial brasileira, no momento histórico
da nação, em que foi criado pelo Presidente Jair Bolsonaro o Ministério da Mulher, da Família e dos
Direitos Humanos!

Fonte: Coluna do Fraga/ R7

 

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