Superintendente da PF no Paraná é próximo do futuro ministro da Justiça e já comandou a diretoria que trabalhava diretamente com os delegados da Lava Jato.
O futuro ministro da Justiça, Sérgio Moro, anunciou nesta terça-feira (20) que escolheu o delegado Maurício Valeixo para ser o novo diretor-geral da Polícia Federal (PF). Valeixo é superintendente da PF no Paraná, cargo que ocupa pela segunda vez.
O anúncio foi feito no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, onde funciona o gabiente de transição.
Moro também anunciou que a delegada da PF Érika Marena assumirá o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI) do Ministério da Justiça.
A delegada está à frente da Superintendência da PF no Sergipe. Marena e Moro estiveram reunidos em Brasília nesta segunda-feira (19).
Operação Lava Jato
Durante rápido pronunciamento, Moro ressaltou que a missão de Valeixo será “fortalecer” a atuação da PF com foco no combate à corrupção e ao crime organizado.
O futuro ministro destacou, ainda, a importância de aproveitar na equipe do governo profissionais que atuaram na Operação Lava Jato.
“Eu sempre afirmei que seria eu um tolo se não aproveitasse pessoas que trabalharam comigo, especialmente no âmbito da Operação Lava Jato, que essas pessoas já provaram tanto a sua integridade quanto a sua eficiência”, disse Sérgio Moro durante o anúncio.
Moro disse que vai convidar o atual diretor-geral da PF, Rogério Galloro, para assumir alguma função no Ministério da Justiça e Segurança Pública.
“Conversei com dr. Galloro, agradeci a ele pelos serviços prestados e pretendo convidá-lo a ajudar em alguma função no âmbito do Ministério da Justiça e da Segurança Pública, ele não sai por demérito”, afirmou.
O futuro ministro também declarou que poderá ter em sua equipe o delegado Márcio Anselmo, que também atuou na Lava Jato.
Controladoria-Geral da União
Moro definiu como uma “boa escolha” a manutenção de Wagner Rosário como ministro da Controladoria-Geral da União (CGU). A permanência do ministro no cargo foi confirmada nesta terça pelo presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL).
O futuro governo chegou a avaliar a possibilidade de incorporar a CGU ao Ministério da Justiça, porém optou por manter a estrutura separada e com o atual status ministerial.
Conforme o blog do jornalista Valdo Cruz, Bolsonaro quer Rosário em sintonia com Moro no combate à corrupção.
Maurício Valeixo
Maurício Leite Valeixo nasceu em Mandaguaçu (PR) e formou-se em direito pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR).
Em Curitiba, o delegado atuou em fases da Lava Jato e coordenou a operação de prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Foi na gestão dele também que foi fechada a delação de Antônio Palocci com a Polícia Federal em Curitiba.
Antes de fazer parte dos quadros da PF, foi delegado da Polícia Civil, onde integrou o Tático Integrado de Grupos de Repressão Especial (Tigre), trabalhando no combate a organizações criminosas.
Em 1996 foi para a Polícia Federal. Como delegado, trabalhou na divisão que combate o tráfico internacional de drogas, foi diretor da diretoria de Inteligência, adido policial em Washington, nos Estados Unidos, e chefiou a Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado (Dicor) – o posto número 3 da PF.
Érika Marena
Moro afirmou que a escolha da delegada Érika Marena para comandar o DRCI no Ministério da Justiça se deve ao conhecimento dela na área de cooperação jurídica internacional. O futuro ministro informou que seu objetivo é fortalecer a cooperação com outros países.
“Vimos, não só na Operação Lava Jato, mas em outros casos, como é comum a lavagem de dinheiro utilizando países do exterior, e essa então é uma área estratégica que se pretende fortalecer, ninguém melhor do que ela”, declarou.
Questionado sobre críticas em relação a atuação da delegada na Operação Ouvidos Moucos, Moro declarou que Érika tem “plena confiança”.
Érika respondeu pela operação, deflagrada em 2017, que investigou desvio de dinheiro de programas de ensino à distância na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Um dos alvos foi o então reitor da UFSC Luiz Carlos Cancellier, que se suicidou em um shopping de Florianópolis após a operação. A morte ocorreu 17 dias após ele ter ficado na prisão por um dia.
Moro classificou a morte como uma “tragédia” e isentou qualquer responsabilidade de Érika no caso.
“A delegada tem minha plena confiança, o que aconteceu em Florianópolis foi uma tragédia, algo muito trágico, e toda minha solidariedade aos familiares do reitor, mas foi um infortúnio imprevisto no âmbito de uma investigação, a delegação não tem responsabilidade quanto a isso”, disse o ministro.