Uso de operações especiais revela falência da segurança pública cotidiana, avalia diretor jurídico da Fenapef

15 de outubro de 2020

Em palestra na Câmara dos Deputados, Werneck reforçou que segurança pública passa por prevenção e cumprimento de pena

Se as operações especiais estão sendo cada vez mais utilizadas, é um sinal claro de que há algo errado com a segurança pública cotidiana. Essas força especiais, que deveriam ser utilizadas em situação extrema, estão cada vez sendo mais necessárias, porque a segurança pública do dia a dia está falindo e os grupos criminosos estão crescendo tanto que daqui a pouco teremos que treinar todos os policiais dentro desses grupos operacionais. A análise é do diretor jurídico da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), Flávio Werneck.

Em palestra nessa terça-feira (13), na reunião da Frente Parlamentar de Apoio às Operações Especiais das Forças Armadas e das Forças de Segurança Pública da Câmara dos Deputados, Werneck lembrou que a eficiência da segurança pública depende de um trajeto a ser cumprido, que começa na prevenção e termina no cumprimento das penas. “Ou a gente refaz esse percurso ou as organizações criminosas seguirão crescendo mais que a economia do País”, disse.

Para o diretor jurídico da Fenapef, isso revela a dificuldade de contenção e enfrentamento ao crime. “Segurança pública é um banquete no Brasil e por mais que a gente queira se fartar desse banquete, sempre vai sobrar comida na mesa, porque a gente não consegue comer 10% do que está ali”, comparou, analisando a presença do crime e a dificuldade de enfrentamento, já que há, além de todas as dificuldades, uma disputa entre as diversas forças de segurança.

“A gente fica disputando entre nós, representações policiais, para que um não cresça mais que nós. Enquanto isso, as organizações criminosas cresceram 29 vezes mais que o País. Não dá para a gente ficar patinando”, disse, lembrando que as principais demandas dos policiais federais para melhorar a segurança pública são antigas. “Há anos pedimos por modernização, embasamento técnico, uma legislação que garanta maior eficiência para as polícias, enumerou.

O diretor jurídico disse que os grupos especiais reúnem os melhores policiais para situações extremas. “Eles merecem todo o nosso reconhecimento por isso. Mas só vão ter atuação eficaz para a população quando toda a segurança estiver funcionando”, disse.

Werneck insistiu que é necessário modernizar a legislação. “O que não está funcionando precisa de uma nova legislação”, afirmou, lembrando que, há anos, a Fenapef luta pelo ciclo completo de investigação, que dará agilidade à persecução criminal.

A Frente Parlamentar de Apoio às Operações Especiais das Forças Armadas e das Forças de Segurança Pública da Câmara dos Deputados reuniu representantes de grupos de operações especiais da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal e dos batalhões de operações especiais de diversos estados. O presidente da frente parlamentar, deputado Vitor Hugo (PSL-GO), destacou a importância do trabalho desses profissionais para a garantia da segurança.

Fonte: Fenapef

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