Policial Federal assume o comando de importante estatal no Rio de Janeiro

9 de outubro de 2019

Na sala, atrás da cadeira confortável de presidente da CODERTE (Companhia de Desenvolvimento Rodoviário e Terminais do Est RJ) um quadro branco preenchido na parede mostra sinais de um homem que trabalha muitas horas e utiliza as estratégias e a organização como ferramenta, algo que pode ter surgido em seus 32 anos de Polícia Federal, ou mesmo enquanto trabalhava na empresa de seu pai, Aroldo Mendonça, a quem ele admira tanto.

Nosso entrevistado é o APF aposentado Aroldo Mendonça, que agora ocupa a cadeira de presidente da Coderte e durante a entrevista, deixou claro que ser pai, novamente, aos 58 anos, de Enrico Mendonça, o caçula de 11 meses, tem sido sua alegria, além de seus demais três filhos Lorena Mendonça, Aroldo Neto e Ricardo Mendonça.
O APF mostra-se enamorado pela esposa e está em seu segundo casamento, como ele mesmo diz: “estou sob nova gestão”. O amor pela família ressalta a entrevista, mas o bom trabalho e a honestidade sempre estiveram em seus planos de ambição, por isso, quando chegou na Coderte, já começou a desfazer as muitas irregularidades, situação que, na sua percepção policial, era necessária para iniciar a nova gestão.

SSDPFRJ: Como foi a sua entrada na Polícia Federal?
— Meu pai tinha um negócio com um sócio, mas a esposa dele começou a criar certos problemas na sociedade e complicou a empresa. Nisso, sugeri ao meu pai ficar com uma sociedade paralela, montar um negócio para a família e eu poder trabalhar com ele. Porém, mesmo trabalhando com meu pai desde 9 anos, ele achava que eu não estava preparado para tocar o negócio. Naquela mesma noite, decidi me inscrever,junto com uns amigos, para fazer o concurso da Polícia Federal. Eu pensava em ser empresário, sou da área do comércio, mas tomei a decisão, e fui o único que passei na prova.

SSDPFRJ: Qual foi a sua primeira lotação na PF?
— Lá era um local de aprendizado, por ser área da fronteira, você faz um pouco de tudo. Comecei a trabalhar na Ponte da Amizade, tive momentos no aeroporto. Logo no primeiro dia me colocaram em um fusca velho e me entregaram uma metralhadora. O carro sozinho já fazia tanto barulho que chamava atenção (risos). Fomos em direção a Itaipu, encontramos os contrabandistas, e começou a troca de tiros. Os caras pegaram o barco e voltaram para o Paraguai, e essa foi minha primeira experiência.

SSDPFRJ: Em quais departamentos que você trabalhou quando veio para o Rio de Janeiro?
–A primeira lotação foi a custódia, e a última foi a Interpol. Nos meus 32 anos de carreira, eu me identifiquei muito com a Comunicação Social, com o Porto, e gostei muito do setor de Passaporte. A maior oportunidade de fazer amizades é lá, no passaporte, você conhece pessoas conferindo documentos e, às vezes, se torna a solução para ajudar em problemas urgentes. Como uma situação que me marcou bastante, de uma senhora que havia perdido o filho e não tinha dinheiro suficiente para pagar a taxa do passaporte, eu paguei a taxa para ela. Foi gratificante demais para mim. Não me esqueço dessa história.

SSDPFRJ: E o que você faz nas horas vagas, o que te faz feliz?

–Eu fiquei durante 27 anos na Unidos da Tijuca. Chegou uma hora que cansei, me dediquei demais àquilo. Ainda continuo gostando muito de samba, mas para assistir, não mais para participar. A coisa mais importante que tenho na vida hoje chama-se Enrico, meu filho de 10 meses. Não tem nada igual à sensação de chegar em casa e ele estar me esperando, engatinhando. Eu chego, sento no chão, ele vem engatinhando, é um dos momentos mais felizes da minha vida. Tenho quatro filhos: Lorena Mendonça, a primeira, ela é empresária, o Aroldinho Neto, também empresário, Ricardo Mendonça e Enrico Mendonça, o caçula.

SSDPFRJ: Então, quer dizer que você é um cara bem família?

–Tenho 4 filhos, o mais novo com 10 meses, a mais velha de 32, e uma neta com 11. Todo pai, ou todo cara experiente, deveria ser pai velho. Eu tenho a sorte de ser pai de novo aos 58 anos. Estou no segundo casamento, mas perdi a conta dos relacionamentos (risos). A coisa mais difícil era alguém me ver com a mesma mulher. Minha atual mulher é, como eu falo com ela, minha atual gestão (risos).

SSDPFRJ: Você segue os passos do seu pai realizando projetos sociais e voluntários. Como começou essa experiência?
— Eu passei uma situação horrível com meu filho, Aroldinho, quando ele tinha 13 anos. O padrinho dele, todo ano, levava meu filho para assistir corrida de Fórmula 1, ele adora isso. Dessa vez, o piloto do helicóptero perdeu o controle e começou a rodar, bateu no prédio da Nestlé e caímos. Eu e meu filho tivemos fratura na coluna, eu com cisão total das 12 vértebras, fomos para o hospital. Fiquei oito meses e meio de colete na coluna, e durante esse tempo, me questionava e tentava entender o propósito de Deus– o que ele queria para a minha vida. Quando voltei para a casa dos meus pais, entendi, eu estava na sala onde tem a cama hospitalar que meu pai empresta para ajudar todo mundo. Então, nesse momento percebi que Deus queria que eu continuasse seguindo o trabalho do meu pai.

SSDPFRJ: Qual a importância da Coderte na sua visão? E como sua experiência de policial agrega na empresa?

— É uma empresa de economia mista, criada para administrar os terminais rodoviários e a criação de novas estradas, mas hoje, ela também administra alguns estacionamentos que pertencem a ela e a outros órgãos do governo do Estado, além dos terminais rodoviários. Nossa gestão tem algumas parcerias, como o Terminal de Niterói, o Novo Rio, o de Nilópolis. Quando cheguei na Coderte já comecei a desfazer as muitas irregularidades, situação que, em minha percepção policial, se fez necessária para agregar à nova gestão.

SSDPFRJ: Como funciona a política de segurança nos terminais? Existe algum projeto em parceria com as polícias?

–Este é o caminho natural, as parcerias. Temos feito reuniões com os administradores que fazem a gestão do terminal de Nova Iguaçu e o Novo Rio, por exemplo. Internamente, temos controle, mas a parte externa é mais problemática, tem a ver com competência de Estado e Município, aí entra a Polícia Militar e a Guarda Municipal. A Coderte precisa do apoio desses órgãos para administrar os terminais.

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