Modelo de força-tarefa da Lava Jato deve ser ampliado, afirma Valeixo

28 de novembro de 2018

Futuro diretor-geral da PF acredita que a integração entre órgãos do governo é essencial para dar continuidade ao trabalho de combate à corrupção; afirmação foi feita foi durante o XVII Conapef, em Curitiba

A maior operação de combate à corrupção do Brasil, a Operação Lava Jato, foi citada como exemplo de modelo de integração pelo superintendente de Polícia Federal do Paraná e futuro diretor-geral do órgão, Maurício Valeixo, durante a 17ª edição do Congresso Nacional dos Policiais Federais (XVII Conapef), em Curitiba (PR). Com formato inédito, a operação integrou a Polícia Federal e o Ministério Público desde o início dos trabalhos, há quatro anos, resgatando mais de R$ 40 bilhões aos cofres públicos e mais de 200 pedidos de prisão cumpridos até agora.

Para Valeixo, a união entre os órgãos foi determinante para o sucesso da operação, que entra em sua 56ª fase. “É um trabalho complexo e só foi possível chegar até aqui em razão de uma integração muito forte que existe entre as instituições. O enfrentamento à corrupção é uma grande dificuldade e não temos condições de fazer isso de forma isolada. Por isso, queremos buscar as melhores ferramentas para enfrentar esse mal, que se encontra de forma sistêmica na sociedade brasileira. A luta tem que continuar, essa pauta é prioridade”, disse.

O futuro diretor-geral ressaltou, ainda, que é preciso modernizar o modelo de investigação policial e a instituição como um todo. “Qualquer pauta que vise ao fortalecimento da Polícia Federal sempre terá o meu apoio integral”, garantiu.

O indicado ao “superministério” da Justiça e da Segurança Pública no governo de Jair Bolsonaro, Sérgio Moro, em vídeo enviado exclusivamente para o Congresso Nacional, ressaltou que “a PF tem papel de relevância e vem prestando um excelente trabalho, fazendo a diferença especialmente no âmbito da Lava Jato.” Moro voltou a confirmar as bandeiras de seu mandato a partir de janeiro. “O desejo é fortalecer os trabalhos anticorrupção e o enfrentamento do crime organizado. Para tanto, será essencial o papel da PF.”

Moro também afirmou que pretende contar com todos os servidores da PF no futuro ministério. A declaração ocorreu após representantes da Fenapef fazerem críticas à imprensa às escolhas do futuro ministro.

O presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), Luís Antônio Boudens, acredita que o Congresso é um momento histórico para a classe. “Pela primeira vez, estamos fazendo um serviço sindical com marcas institucionais, é a nova era de um trabalho conjunto com o Departamento de Polícia Federal”, afirmou.

Congresso

Durante três dias, a 17ª edição do Congresso Nacional dos Policiais Federais (XVII Conapef) pretende reunir policiais, jornalistas e autoridades para debater carreira única, sindicalismo, modernização da investigação policial e os rumos do setor que mais preocupa a população nos dias de hoje: a segurança pública. O evento está sendo realizado em Curitiba (PR), local de um dos núcleos de investigação mais importantes da Operação Lava Jato.

A ideia é que o Congresso se torne um espaço democrático e de capacitação sobre os temas escolhidos para discussão nesse ano. Para Boudens, o Conapef é um marco para a Polícia Federal. “Isso não só pela presença maciça de representantes e parceiros, mas pela ousadia e coragem de se discutir os caminhos para melhorar nossa eficiência, por meio da modernização da estrutura funcional do órgão e dos nossos processos.”

O evento será dividido em dois eixos, que terão como temas as novas práticas e novas tecnologias de investigação policial e alternativas para uma maior integração entre a Federação e os 27 sindicatos. Além de debates e oficinas, os presentes poderão participar de palestras, que terão como convidados policiais brasileiros e estrangeiros.

Nos dias 29 e 30, os participantes terão espaço para um debate mais profundo sobre os eixos temáticos. Os interessados poderão propor teses, projetos ou moções que levantem a discussão em torno das novas práticas e novas tecnologias na investigação policial e das alternativas para implantação de projetos da Fenapef.

As teses aprovadas serão convertidas em material de divulgação junto aos operadores do direito, aos representantes eleitos pela sociedade civil, às universidades, faculdades, centros de pesquisa, institutos, fundações, fóruns de segurança pública e privada e, em especial, aos policiais e demais operadores de segurança pública. Elas também farão parte do Painel Permanente de Segurança Pública e os projetos aprovados farão parte do Painel Sindical Policial Federal.

Novidades

Entre as novidades, está o 1º Concurso de Tecnologias para Policiais Federais (I Startpol), que vai premiar dez iniciativas que visem ao aperfeiçoamento ou incorporação de técnicas que colaborem nas investigações do órgão. Poderão participar do concurso policiais e a população em geral, como explica o diretor Júlio Cesar. “Todas as áreas de conhecimento serão aceitas, desde que tenham como finalidade o aperfeiçoamento ou a incorporação de novas técnicas que colaborem com a Polícia Federal.”

Serão aceitos produtos, processos ou serviços inovadores para a segurança pública em todas as áreas tecnológicas. As informações do concurso serão divulgadas nessa quinta-feira (29) e todos os projetos vencedores receberão consultoria e acompanhamento desde a implementação até a conclusão do produto ou serviço.

Outra inovação para essa edição do Conapef é o lançamento do aplicativo K-9. O software tem como finalidade facilitar o registro completo das investigações e auxiliar o policial a encontrar informações colhidas em ocorrências já registradas, de forma mais rápida e eficiente. “Essa é uma ação muito importante. Estamos nos lançando como referência, uma vez que o aplicativo será implementado inicialmente na PF, mas poderá expandir sua utilização nos demais órgãos de segurança pública no Brasil”, esclarece Júlio César.

Fonte: Fenapef


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