Com apoio do SSDPFRJ, Policiais Federais cariocas falam de suas habilidades profissionais e dos desafios que enfrentam na PF na III Edição do Congresso Brasileiro sobre Mulheres na Polícia

2 de setembro de 2021

Na última sexta-feira (27/08) e sábado (28/08), as sindicalizadas, APF Daniela de Almeida e a EPF Claudia Horchel, participaram, patrocinadas pelo SSDPFRJ, como palestrantes da III Edição do Congresso Brasileiro sobre Mulheres na Polícia. O evento aconteceu no Hotel Nord Luxxor, em João Pessoa, na Paraíba, com participações on-line e presencial de profissionais da segurança pública de órgãos de todo o país.

A APF Daniela integrou a mesa de abertura que discutiu as “Dificuldades das Mulheres como Profissionais da Segurança Pública e Políticas para o Enfrentamento dessas Dificuldades e Melhorias das Condições de Trabalho”. Ela abordou assuntos como maternidade, carreira policial e assédio moral na PF.

“Até a barriga aparecer, a instituição não entende que a mulher está grávida. Logo, não leva em consideração as consequências que a gravidez tem, como enjoos, sono aumentado e alterações de humor. Também não há horários alternativos para os momentos em que a criança ainda não está em idade escolar”, esclareceu a APF, mãe de dois meninos.

Sobre assédio, ela pontuou: “A PF é estruturada em carreira e o cargo de chefia é exclusivo de delegado. As chefias são compostas, em grande parte, por homens. Daí, se existir alguma situação de assédio, o único setor capacitado para fazer a apreciação desse conflito é a Corregedoria. Acontece que lá também é um ambiente majoritariamente masculino. Mulheres não têm como se sentir protegidas dessa forma. Homens dificilmente enxergarão o problema do nosso ponto de vista. A sensação é de que não há acolhimento. Precisa existir um grupo de mulheres capacitadas nesse setor”, sugere.

Daniela ainda palestrou sobre crime ambiental, sua especialidade, e enfatizou a pouca valorização que esse tipo de crime recebe no Brasil, resultando em uma legislação fraca e incapaz de inibir o delito.

A EPF Claudia Horchel proferiu uma palestra chamada “Análise dos Institutos de Combate à Corrupção e os Danos Sociais Decorrentes desse Grave Delito” no segundo dia de evento. Com vasta experiência na Delegacia Especializada de Combate à Corrupção, tendo atuado por dois anos na Força-Tarefa da Lava-Jato, a EPF ressaltou que a corrupção, se não mata diretamente, mata indiretamente.

“O desvio de verba pública mata ao deixar de prestar assistência básica no âmbito da saúde, segurança e educação. Por exemplo, com 10 bilhões de reais pagos em propina, admitido pela principal empreiteira arrolada na Força-Tarefa da Lava-Jato, daria para construir 5.150 UPAS, comprar 83.944 ambulâncias, ou construir 5.421 creches. Você aniquila uma geração inteira e nada poderá recuperar esse dano social”, afirmou.

Tanto Daniela quanto Claudia comentaram sobre as experiências positivas que tiveram no Congresso. Foi uma oportunidade para trocar experiências investigativas e operacionais a partir da observação dos modelos de sucesso trazidos por outras policiais e conhecer agentes de segurança pública de todo o Brasil.

Notícias